sábado, 2 de fevereiro de 2013

O cristianismo é a religião da espera





Fiquei pensando nisto ontem enquanto esperava uma querida amiga para um compromisso que marcamos. Fiquei pensando nos cristãos do primeiro século. Eles conviveram com Jesus, viram tudo o que ele fez, o que ele falava, as diversas vezes que ele anunciou o reino de Deus, dentre outras coisas.

No final da vida, ele diz aos discípulos: - Olha, para o lugar onde eu vou agora, vocês não podem ir, mas não se preocupem. Podem esperar que com certeza eu voltarei. Vou enviar o Espírito Santo para que vocês não se sintam órfãos e para que Ele os ajudem a esperar por mim. Mas não se turbe o vosso coração. Aguardem pacientemente que eu voltarei para vocês, e levarei todos comigo, para morarem comigo neste lugar para onde agora eu vou.

E então veio a crucificação, a morte, a ressurreição e a palavra dita continuava a mesma. "Esperem, que eu voltarei". Fiados nessa palavra, os discípulos do primeiro século se dispersaram, foram a Judéia, Samaria, até os confins da Terra anunciando as palavras que eles ouviram de Jesus. Eles anunciavam o que ouviram do mestre, ou seja, anunciavam a mensagem de que Jesus estava voltando, que eles também podiam esperar, assim como os discípulos estavam esperando. Esta mensagem ganhou adesão de vários povos e até hoje a mesma palavra continua viva no coração do cristianismo.

O cristianismo é a religião da espera. Todos nós aguardamos o cumprimento da palavra de Jesus, pois ele afirmou que voltaria e nós, enquanto cristãos, nos fiamos nessa palavra pois quem falou é por nós julgado como digno de credibilidade. Nós sabemos que ele voltará, embora já muito tempo se passou e nada dele voltar. Esta promessa de volta tão ansiada pelos cristãos foi o que moveu os primeiros discípulos, é o que move vários cristãos no mundo hoje. É um ato de fé. Cremos que ele voltará.

Mas como todo ato de fé, obviamente podemos estar errados. Ele pode nunca ter dito isso, ele pode nunca voltar, a suposta promessa dele pode ter sido uma mentira contada inúmeras vezes que se tornou verdade,  mas mesmo assim a esperança de que ele voltará é o que nos move a continuar propagando as palavras ouvidas por aqueles primeiros homens que conviveram com ele. E o fazemos porque acreditamos (mesmo que erroneamente) que quem nos falou tinha credibilidade e disse a verdade. Talvez por isso o cristianismo seja a religião da palavra. O verbo se faz carne, habita entre nós, nos diz que voltará e por isso esperamos.

 Mas quando isso vai acontecer? Não sabemos, mas apenas confiamos.
 Mas como ele voltará? em forma física? como pessoa? Perguntas teológicas que não sabemos responder com certeza, mas que tentamos a partir de alguns textos bíblicos deixados para nós.

Ontem, enquanto esperava minha amiga, tinha certeza que ela chegaria. Ela me disse que chegaria. Ela goza de plena credibilidade para comigo. Eu acreditei, por isso esperei. Por isso fui capaz de sentar-me tranquilo naquele banco e contemplar o tempo que passava como anúncio de que ela estava vindo. A esperança palpitava a cada vez que passava um carro como o dela, até que chegou o grande momento em que sua presença fez feliz meu coração e a partir daí começaram momentos maravilhosos na companhia daquela por quem meu coração esperava. Com a sua presença, toda a espera se fez justificada. Todas as dúvidas se dissiparam. A espera valeu a pena. Ela estava ali, eu estava ali e isso era tudo o que importava naquele momento. A eternidade começou ali. O tempo já não mais importava, ele simplesmente deixou de existir enquanto desfrutávamos da presença um do outro.

"E ficamos como quem sonha, a nossa boca se encheu de riso e a nossa língua de júbilo", e para isso vale toda espera.


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