quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Medianias





Mediania.

Termo aristotélico de muito tempo atrás. Base de sua ética.

A mediania na ética aristotélica é o que constitui a virtude.

A virtude é o meio termo entre o excesso e a falta.

Quem faz o cálculo entre a virtude e a falta é a razão.

Logo a virtude é uma ação conforme a razão.

O homem bom age de acordo com a razão, logo a virtude é a ação do homem bom, e o homem bom é o homem virtuoso.


Confesso que sou péssimo para achar medianias. Acabo indo para um extremo ou outro. Não falo nas questões éticas, mas nas questões de convivência.
Nas questões éticas não encontro muitos problemas. Agora, nas de convivência...

Sou um desastre. (Talvez seja algo patológico. Não sei. )

Geralmente sou indiferente demais com todo mundo. Uma verdadeira pedra de gelo. Quando resolvo me preocupar, acabo por preocupar demais, e isso gera um certo desconforto na parte alvo de minha preocupação. Já aconteceu várias vezes isso. Já deveria ter aprendido.


Não sei se um dia aprendo isso, mas sinceramente espero que sim. Acho que talvez seja por isso que tenho tão poucos amigos. É difícil conviver com um excesso de indiferença ou excesso de preocupação. Ainda bem que no meio do caminho acabamos por encontrar amigos que nos alertam dessa nossa prática e nos faz tentar agir de forma diferente a procura desse meio-termo.

Vários deles já me alertaram dessa prática que faço com maestria. Até hoje não aprendi.


Para alguns que me conhecem vão até achar estranho eu falar de excesso de preocupação por alguém, mas para eles, digo que realmente isso acontece. Já aconteceu várias vezes. Lembro de vezes que alguns desses amigos viravam pra mim lá na década de 90 e me falavam: "Fabiano, pare de me perguntar se está tudo bem, que saco!". Não aprendia, e na outra semana lá estava novamente fazendo a mesma coisa. Eles me aturaram e quando finalmente percebi o que estava fazendo, parei. Demorei a entender mas entendi. Sei lá o que acontecia. Eu simplesmente me preocupava, queria saber se tudo estava bem, queria agradar, sei lá. Acabava passando por mala, mas várias pessoas gostavam, e isso acabava por me incentivar nessa prática estranha.


O outro extremo também acontece sempre. (esse talvez mais comumente que o primeiro). Tenho uma amiga que me fala (e nisso a priscila concorda) que vivo em um mundo só meu, e que as vezes entro em contato com os outros por algum motivo qualquer. Uma terrível falta de habilidade para sociabilidade. Simplesmente não consigo ser "simpático" com pessoas que conheço há pouco tempo. Não sei puxar assuntos variados sobre temas "interessantes" (Sinceramente, admiro quem tem tal capacidade). Na maioria das vezes, as coisas que eu acho interessantes, ninguém acha.

Várias pessoas já me falaram pra tentar agir diferente, tentar puxar algum assunto, tentar conversar sobre outras coisas do interesse comum, mas pra mim é uma tarefa quase impossível.

Fica difícil. Mas acho que tenho melhorado. Pouquíssimo, mas tenho.



Acho muito interessante a proposta ética de Aristóteles. Até hoje um paradigma da ética (ética das virtudes) ao lado do paradigma kantiano. (ética do dever).


Enquanto não alcanço, tentarei alcançar a mediania nas questões de convivência. Claro que sem muitas esperanças de alcançá-la, mas continuarei tentando. Quem sabe um dia eu consiga ?

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